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Eu ainda estou colhendo frutos do problema de saúde pelo qual fui assaltado. Surgiu num piscar de olhos e me deixou bastante fragilizado. Durante todo esse calvário, recebi mensagens que mostravam a preocupação dos amigos por esse desconhecido contador de causos. Gestos que muito me comoveram. Essas repetidas considerações representam o meu penhorado reconhecimento. Para não ficar mais cansativo esse blá, blá, blá, vamos soprar as cinzas do tempo, avivar a brasa da memória e dar início ao assunto que rege esta coluna.
Esta história aconteceu precisamente a trinta e cinco anos passados. Foi um causo marcante em nossa comunidade, pois, toda a sociedade chique da cidade estava envolvida nos arranjos do evento. Só se falava nas bodas onde dois irmãos iam se unir a duas irmãs pelos sagrados laços do matrimônio. Até o articulista destas coluna foi convidado com sua esposa para se fazer presente no dia marcado dos casamentos.
Muito honrados pelo convite, não poderiamos faltar a esse chamado social. Chegamos atrasados e encontramos o local ja cheio de convidados. Minha esposa foi cumprimentar os pais das nubentes e eu fui procurando me juntar a turma da fofoca. O assunto preferido e mais quente era o “enfeite” que uma mulher estava colocando na cabeça do marido. E esses galhos ornamentais eram o prato do dia… O disse me disse corria solto, e só parou quando a “vítima” chegou. O assunto mudou da água pro vinho. Um engraçadinho me intimou a contar um causo. Me esqueci do suplicante que estava ali e comecei.
“Olha gente, vou narrar nesse momento um causo acontecido no Ceará em 1927. Naquele ano, nasceu em uma cidade cearense um galo com chifres. Esse fenômeno chamou atenção da população local. Era uma verdadeiro alvoroço. Toda população citadina queria ver de perto essa aberração. E faziam varios comentá¡rios acerca da deformidade galinacea. Cada um dava sua opinião.”
Vocês, meus queridos internautas não imaginam a verve do nortista e principalmente do povo cearense. São verdadeiros poetas, trovadores, eximios repentistas. Depois de observar todo falatório a respeito da protuberância na cabeça do animal, um vate registrou o caso da seguinte maneira:
Não vale a pena comentar
O que aconteceu ao galo,
Isso é uma coisa muito natural,
Se o galo tem o seu lar
No fundo do quintal
Está sujeito a obedecer
As leis; que regem a vida conjugal.
Ora, se a mulher do galo
É uma galinha,
Então a cabeça do boi era fatal.
Muito cuidado camaradas tomem
A natureza fez assim com o galo
Pode fazê-lo muito bem,
Com o homem.
Quando terminei de contar o causo, olhei para o dito cujo ao meu lado. Foi ai que dei conta da irreverência que tinha praticado. Parece que as mancadas me perseguem, só digo coisas na hora errada e no lugar errado. Essa gafe me deixou totalmente fora de tempo. O jeito foi sair de mansinho…