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Causos do Getrao

~ histórias aproximadamente reais

Causos do Getrao

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Dia de Azar

31 segunda-feira out 2005

Posted by Getrao in Causos

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esmola, jogo, má sorte, mendigo

Já confessei em causo escrito anteriormente, que as minhas histórias são bordadas em um tecido colorido, com alguns fios de verdade e outros de imaginação. Decorridos mais de cinquenta anos é possível haver alguma alteração nos fatos e na verdade dos acontecimentos. Mas isto realmente importa? O que vale mesmo é o deleite do leitor.

Lá pelos anos 40, quando trabalhava no grande hotel de Campina Grande tive oportunidade de conhecer muitas figuras interessantes que com o passar do tempo acabaram tornando-se meus amigos. Um deles chamava-se Zé de Zim. Nome esquisito eu concordo, mas não sei se voces já perceberam que na Paraíba quase todo mundo é Zé. O Zim nem vou tentar explicar. O que eu sei bastante do Zé, é que ele gostava de jogar. Nessas aventuras as vezes ganhava, as vezes perdia e assim ia levando a vida de quem é viciado em jogo.

Eu também já tive o meu fascínio pela sorte e o dinheiro fácil. Porém, não precisou de muito tempo para descobrir que tudo é ilusão. Então, preferi acreditar na máxima popular que diz: “Quem é infeliz no jogo, é feliz no amor…”

Certa feita, estava Zé, eu e alguns amigos num bate papo onde o assunto era o jogo de bingo. O meu caro Zé, dizia não estar em seu dia de sorte, pois havia perdido bastante no bingo. Em dado momento se acercou de nós um mendigo e pediu uma esmola. O sujeito nem bem havia terminado a súplica e Zé de Zim botou a mão na algibeira e de lá tirou uma moeda de prata no valor de 2.000 réis. Ora, naquele tempo as esmolas dadas aos pedintes eram no máximo 100 réis quando muito generosas.

Diante da nossa admiração pelo ato do nosso amigo, ele se justificou dizendo: “Perdi 50.000 reis jogando bingo, então faz de conta que o prejuízo foi de 52.000 reis.” Até aí tudo bem, não fosse pelo inusitado que aconteceu em seguida. Ainda estavamos conversando, quando o mendigo aproximou-se de mansinho, chamou Zé de Zim pedindo reserva e disse assim:

– Moço, achei um besta ali e passei adiante! Comprei cem réis de cigarro e recebi mil novecentos de troco.

– Não entendi, passou o que? – perguntou Zé com cara de espanto.

– Aquela prata falsa que o senhor me deu. Eu troquei numa bodega onde um besta acreditou que era verdadeira.

Diante da confissão do mendigo Zé não se conteve e arrematou: “Agora acabei de acreditar que hoje é meu dia de AZAR!!! Dou 2.000 réis de esmola a esse miserável e ele me agradece dizendo que a moeda que eu lhe dei é falsa! É bom que vocês vejam até que ponto o castigo me persegue. PASSA LOGO DIA AZARENTO!“

O Cão e O Mendigo

29 quarta-feira jun 2005

Posted by Getrao in Causos

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itapetinga, mendigo, policia, salvador

Vocês que prestigiam o site Causos do Getrão já ouviram a expressão popular: “Fulano fez das tripas coração e aguentou firme até o fim.” Pois bem é o que acontece com esse colunista aqui. Não sei se sai do coração para o cérebro ou do cérebro para o coração. O que realmente sei, é que só Deus sabe o quanto padeço, para tecer os fios que servirão para alinhavar a vestimenta das lembranças, que irei apresentar para os irmãos internautas.

O personagem do causo de hoje é um sujeito de estatura mediana, rosto comprido, boca de labios finos, dentes bons em sorriso de fina ironia. Ele fala baixo, pausadamente e empresta gravidade a tudo, como se cada informação banal se constituisse em Segredo de Estado. Trajava quase sempre um uniforme de oficial da Polícia Baiana, talvez para imprimir o tom da responsabilidade que as suas funções exigiam, pois, fora designado pelo Comando Militar de Salvador-Ba, para exercer o cargo de Delegado de Polícia na cidade de Itapetinga. Esses pequenos traços dizem um pouco da figura simpática do meu inesquecível amigo Tenente Cancela.

Ele morava com a família em uma casa geminada ao hotel onde eu vivia hospedado, daí a facilidade da nossa aproximação. Ficamos bons amigos; muito mais por afinidade pessoais, que pela proximidade residencial. Quando estava de folga, não havia nele nada parecido com sua profissão. Era brincalhão, gostava de contar anedotas, e muitos causos interessantes. Em uma das nossas conversas de fins de semana, ele me segredou a sua maneira, um ocorrido que testemunhou:

“Getro, trabalhei um tempo em Maraguarama, pequena cidade do norte do Brasil, onde residia um poderoso ricaço e prestigiado político local. A sua morada era um verdadeiro palácio, protegido com altas grades de ferro por todos os lados. A segurança se completava com os vários e ferozes cães da raça Dobermann rodando todas as dependências dia e noite, mostrando sempre os dentes afiados a quem pretendesse se aproximar daquela fortaleza urbana.

“Atraído por toda aquela imponência, um mendigo se avizinhou do portão de entrada e esticou a mão para tocar a sineta na certeza de que receberia uma boa esmola daquela gente rica. Quando colocou o braço entre as grades um dos cães abocanhou-lhe a mão, quase decepando-lhe os dedos. Um grito agudo de dor partiu do pobre coitado, chamando a atenção das pessoas que passavam no local. Com a mão toda ensanguentada o pobre sujeito implorava por socorro.

“A aglomeração formada em frente do sutuoso palacete chamou a atenção de dois jovens que, pararam o seu veículo no intuito de ajudar a vítima. ‘Venha conosco, vamos procurar um pronto-socorro onde você possa ser atendido’, disseram-lhe os rapazes, dois jovens advogados que procuraram saber maiores detalhes daquela tragedia.

“Após ouvir o relato do pedinte, eles combinaram defender aquele miserável e obrigar o poderoso ricaço a indenizar a vítima. Entraram com uma petição e avisaram o mendigo: ‘Daqui a dez dias vá ao fórum da cidade se apresentar para receber um dinheiro do dono daquela casa, como forma de reparar o mal feito pelos dentes do seu feroz cão.’

“Passado o prazo, os jovens viajaram para comparecer a uma audiência no fórum de uma cidade vizinha, portanto não ficaram sabendo do resultado do processo, nem tão pouco quanto havia recebido de indenização o sofrido e pobre cliente.

“Ao regressar, foram então a casa do mendigo para saber o que houve no tribunal. Não o encontrando, deduziram que ele havia fugido da cidade com o gordo dinheiro recebido. ‘Que sujeito ingrato, nem esperou para agradecer. Arranjamos uma encrenca com um todo poderoso, mas não queriamos dinheiro algum, só apenas um muito obrigado, como gesto de agradecimento, nada mais’, comentou a dupla.

“Passados alguns dias, olha o mendigo novamente na cidade. Ao encontrá-lo, os advogados desabafaram: ‘Você é um ingrato, nem sequer esperou que nós voltássemos para agradecer o que fizemos por você. Recebeu a indenização e fugiu. Não tinhamos intenção de lhe cobrar nada’.

“O mendigo ouviu tudo calado. Quando terminaram o sermão, ele disse o seguinte: ‘Vocês não sabem o que o dono do cão provou ao tribunal. Ficou comprovado por a + b que foi eu quem mordi o cachorro dele!’ Parece incrível mais é verdade, amigo.”

Palavras do Tenente Cancela. Ao ver minha cara de espanto ao final de seus causos, ele sempre me perguntava: “Getro, você não acredita nas minhas histórias?”

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